José Herculano Pires
Chama-se Dor.
Revela-se na desventura do amante, na desolação da orfandade, na angústia da miséria, no alquebramento da saúde, no esquife do ser querido que se foi deixando atrás de si a lágrima e o luto, no opróbrio da desonra, na humilhação do cárcere, no aviltamento dos prostíbulos, na tragédia dos cadafalsos, na insatisfação dos ideais, na tortura das impossibilidades – no acervo das desilusões contra que se confunde e se decepciona o coração da Humanidade.
Não obstante, a Dor é a grande amiga a zelar pela espécie humana, junto dela exercendo missão elevada e santa.
Estendendo sobre as criaturas suas asas, úmidas sempre do orvalho regenerador das lágrimas, a Dor corrige, educa, aperfeiçoa, exalta, redime e glorifica o sentimento humano a cada vibração que lhe extrai através do sofrimento.
O diamante escravizado em sua ganga sofre inimagináveis dilacerações sob o buril do lapidário até poder ostentar toda a real pureza do grande valor que encerra. Assim também será a nossa alma, que precisará provar o amargor das desventuras para se recobrir dos esplendores das virtudes imortais cujos germens o Sempiterno lhe decalcou no ser desde os longínquos dias do seu princípio!
A alma humana é o diamante raro que a Natureza – Deus – criou para, por si mesmo, aperfeiçoar-se no desdobrar dos milênios, até atingir a plenitude do inimaginável valor que representa, como imagem e semelhança dAquele mesmo Foco que a concebeu. Mas o diamante – Homem – acha-se envolvido das brutezas das paixões inferiores. É um diamante bruto! Chega o dia, porém, em que os germes da imortalidade, nele decalcados, se revolucionam nos refolhos da sua consciência, nele palpitando, então, as ânsias por aquela perfeição que o aguarda, num destino glorificador: - Foi criado para as belezas do Espírito e vê-se bruto o inferior! Destinado a fulgir nos mostruários de esferas redimidas, reconhece-se imperfeito e tardo nas sombras da matéria! Sonha com a sublimização das alegrias em pátrias divinais, onde suas ânsias pelo ideal serão plenamente saciadas, mas se confessa verme, porquanto não aprendeu ainda sequer a dominar os instintos primitivos!
Então o diamante – Homem – inicia, por sua vontade própria, a trajetória indispensável do aperfeiçoamento dos valores que consigo traz em estado ignorado, e entra a sacudir de si a crosta das paixões que o entravam e entenebrecem.
E essa marcha para o Melhor, essa trajetória para o Alto denomina-se Evolução!
A luta, então, apresenta-se rude! É dolorosa, e lenta, e fatigante, e terrível! Dele requer todas as reservas de energias morais, físicas e mentais. Dilacera-lhe o coração, tortura-lhe a alma, e o martirológico, quase sempre, segue com ele, rondando-lhe os passos!
Mas seu destino é imortal, e ele prossegue!
E prosseguindo, vence!...
Então, já não é o bruto de antanho...
O diamante tornou-se jóia preciosa e refulge agora, pleno de méritos e satisfações eternas, nos grandes mostruários da Espiritualidade – esferas de luz que bordam o infinito do Eterno Artista, que é Deus!
A Dor, pois, é para o Espírito humano o que o Sol é para as trevas da noite tempestuosa: - Ressurreição! Porque, se este aclara os horizontes da Terra, levantando com seu brilho majestoso o esplendor da Natureza, aquela desenvolve em nosso ego os magnificentes dons que nele jaziam ignorados: - fecunda a inteligência, depurando o sentimento sob as lições da experiência, educando o caráter, dignificando, elevando, num progredir constante, todo o ser daquele em quem se faz vibrar, tal como o Sol, que vivifica e benfaz as regiões em que se mostra.
A Dor é o Sol da Alma...
A criatura que ainda não sofreu convenientemente carrega em si como que a aridez que desola os pólos glaciais e, como estes, é inacessível às elevadas manifestações do Bem, isto é, às qualidades redentoras que a Dor produz. Nada possuirá para oferecer aos que se lhe aproximam pelos caminhos da existência senão a indiferença que em seu ser se alastra, pois que é na desventura que se aprende a comungar com o Bem, e não pode saber senti-lo quem não teve ainda as fibras da alma tangidas pela inspiração da Dor!
O orgulho e o egoísmo, cancerosas chagas que corrompem as belas tendências do Espírito para os surtos evolutivos que o levarão a redimir-se; as vaidades perturbadoras do senso, as ambições desmedidas, funestas, que não raro arrastam o homem a irremediáveis, precipitosas situações; as torpes paixões que tudo arrebatam e tudo ferem e tudo esmagam na sua voragem avassaladora que infestam a alma humana, inferiorizando-a ao nível da brutalidade, e os quais a Dor, ferindo, cerceia, para implantar depois os fachos imortais de virtudes tais como a humildade, a fé, o desinteresse, a tolerância, a paciência, a prudência, a discrição, o senso do dever e da justiça, os dons do amor e da fraternidade e até os impulsos da abnegação e do sacrifício pelo bem alheio – remanescentes daquelas mesmas sublimes virtudes que de Jesus Nazareno fizeram o mensageiro do Eterno!
Ela, a Dor, é o maior agente do Sempiterno na obra gigantesca da regeneração humana! É a retorta de onde o Sentimento sairá purificado dos vírus maléficos que o infelicitam! Quanto maior o seu jugo, mais benefícios concederá ao nosso ego – tal como o diamante, que mais cintila, alindado, quanto maior for o número dos golpes que lhe talharem as facetas! É a incorruptível amiga e protetora da espécie humana:- zelando pela sua elevação espiritual, inspirando nobres e fraternas virtudes! Ela é quem, no Além-Túmulo, nos leva a meditar, através da experiência, produzindo em nosso ser a ciência de nós mesmos, o critério indispensável para as conquistas do futuro, de que hauriremos reabilitação para a consciência conturbada. É quem, a par do Amor, impele as criaturas à comiseração pelos demais sofredores, e a comiseração é o sentimento que arrasta à Beneficiência. E é ainda ela mesma que nos enternece o coração, fazendo-nos avaliar pelo nosso o infortúnio alheio, predispondo-nos aos rasgos de proteção e bondade; e proteger os infelizes é amar o próximo, enquanto que amar o próximo é amar a Deus, pautando-se pela suprema lei recomendada no Decálogo e exemplificada pelo Divino Mestre!
Por isso mesmo, o coração que sofre não é desgraçado, mas sim venturoso, porque renasce para as auroras da Perfeição, marcha para o destino glorioso, para a comunhão com o Criador Onipotente! Prisioneiro do atraso, o homem somente se desespera sob os embates da Dor porque não a pode compreender ainda. Ela, porém, é magnânima e não maléfica. Não é desventura, é necessidade. Não é desgraça, é progresso. Não é castigo, é lição. Não é aniquilamento, é experiência. Nem é martírio, mas prelúdio de redenção! Notai que – depois do sacrifício na Cruz do Calvário foi que Jesus se aureolou da glória que converterá os séculos:
- “Quando eu for suspenso, atrairei todos a mim”. – Ele próprio o confirmou, falando a seus discípulos.
Sob o seu ferrete é que nos voltamos para aquele misericordioso Pai que é o nosso último e seguro refúgio, a nossa consolação suprema!
As ilusões passageiras da Terra, os prazeres e as alegrias levianas que infestam o mundo, aviltando o sentimento de cada um, nunca fizeram de seus idólatras almas aclaradas pelas chamas do amor a Deus. É que – para levantar na aridez das nossas almas a pira redentora da Fé só há um elemento capaz, e esse elemento é a Dor! Ela, e só ela, é bastante poderosa para reconciliar os homens – filhos pródigos – com o seu Criador e Pai!
Seu concurso é, portanto, indispensável para nos aperfeiçoar o caráter, e inestimável é o seu valor educativo. Serena, vigilante, nobre heróica – ela é o infalível corretivo às ignomínias do coração humano!
Nada há mais belo e respeitável do que uma alma que se conservou serena e comedida em face do infortúnio. Palpita nessa alma a epopéia de todas as vitórias! Responde por um atestado de redenção! Seu triunfo, conquanto ignorado pelo mundo, repercutiu nas regiões felizes do Invisível, onde o comemoraram os santos, os mártires de todos os tempos, os gênios da sabedoria e do bem, almas redimidas e amigas que ali habitam, as quais, como todos os homens que viveram e vivem sobre a Terra, também conheceram as correções da Dor, ela é a lei que aciona a Humanidade nos caminhos para o Melhor até a Perfeição!
Ó almas que sofreis! Enxugai o vosso pranto, calai o vosso desespero! Amai antes a vossa Dor e dela fazei o trono da vossa Imortalidade, pois que, ao findar dessa trajatória de lágrimas a que as existências vos obrigam – é a glorificação eterna que recebereie por prêmio!
Salve, ó Dor bendita, nobre e fiel educadora do coração humano!
E glória ao Espiritismo, que nos veio demonstrar a redenção das almas através da Dor!
LÉON DENIS
(Mensagem recebida pela médium Yvone A. Pereira)
Revista Reformador – Fevereiro 1978
Transcrição de: Mônica Valéria Torres Trajano
Leia as mensagens com o coração e reflita . Que elas possam fazer o bem a pelo menos uma pessoa que por aqui passar.
Jesus o Grande Mestre.
Quem Sou Eu ...
Seguidores
sexta-feira, 29 de abril de 2011
A Grande Educadora - (BALADA AOS QUE SOFREM)
às
21:40
Postado por
Suely C Bezerra

Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores:
Léon Denis
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Marcadores
- 30 Anos de casamento (1)
- 30.000 acesso (1)
- Abelardo (1)
- Adelino de Carvalho (1)
- Albino Teixeira (32)
- Alexandre de Jesus (1)
- Allan Kardec (20)
- Alvorada Espírita (1)
- Amélia (2)
- André Luiz (189)
- Ano Novo (5)
- Antônio Carlos (1)
- Antônio Moris Cury (1)
- Augusto Branco (1)
- Augusto Cury (1)
- Auta de Souza (13)
- Autor Desconhecido (8)
- Batuíra (1)
- Bezerra de Menezes (45)
- Camilo (3)
- Carlos (2)
- Carlos A. Baccelli (1)
- Carlos Augusto Abranches (2)
- Casimiro Cunha (7)
- Castro Alves - Chico Xavier (1)
- Chico Xavier (56)
- Cidade Nosso Lar (1)
- Codificação Básica: (5)
- Comunicado (4)
- Cora Maria (1)
- Deocleciano (1)
- Dia da Mulher (2)
- DIA DAS MÃES (9)
- Dia Internacional da Mulher (1)
- Emmanuel (145)
- Emmanuel e André Luiz (3)
- Evangelho no lar (2)
- Fabiano de Cristo (2)
- Família (3)
- Francisco Menezes Dias Da Cruz (1)
- Frases de Andre Luiz (9)
- Frases de Allan Kardec (2)
- Frases de Bezerra de Menezes (7)
- Frases de Chico Xavier (3)
- Frases de Emmanuel (7)
- Frases Espíritas (42)
- Herculano Pires / Chico Xavier (1)
- Homenagem a Chico Xavier (13)
- Homenagem a Chico Xavier... 100 anos (1)
- Homenagem ao dia das Mães (4)
- Homenagem dia dos Pais (3)
- Homenagens (1)
- Instituto André Luiz (9)
- Irmã Amélia (1)
- Irmão José (2)
- Isabel (1)
- Ivan de Alburqueque (1)
- JESUS O GRANDE MESTRE (21)
- Joanna de Ângelis (57)
- João de Deus (1)
- Jôe Luiz (1)
- José Carlos Ferreira (1)
- José de Castro (1)
- José Silvério Horta (1)
- Juvenal Galeno (1)
- Léon Denis (5)
- Livro “Nosso Lar” (A.LUIZ / F.C.XAVIER) (2)
- Luiz Sérgio (2)
- Madre Teresa de Calcutá (3)
- Marco Prisco (8)
- Maria Dolores (14)
- Marina C. Cruz (1)
- Martins Peralta (1)
- Meimei (63)
- Mensagem de Ano Novo (6)
- Mensagem de Chico Xavier (6)
- Mensagem de Natal (2)
- Mensagem pelos desencarnados (3)
- Mensagens de Natal (29)
- Mensagens do dia dos Pais (6)
- Mensagens Espíritas (4)
- Mensagens Fraternas (1)
- Mensagens para os Pais Desencarnados (2)
- Mensagens para reflexão (52)
- Miguel Vives y Vives (1)
- Milena Karla (1)
- Minuto Poético (5)
- Música Espírita (9)
- Neio Lúcio (4)
- Nosso Lar - O Filme Nosso Lar (2)
- O Dia de Finados para Espírita (3)
- O Evangelho segundo o espiritismo (1)
- O Filme dos Espíritos (1)
- O que é o Espiritismo? (1)
- Olavo Bilac (1)
- Pedro Ozório (2)
- pinteecrie (1)
- Poesias de Casimiro Cunha (3)
- Poesias de Auta de Sousa (4)
- Portal Espirita L.E.M.A. (3)
- Prece de Natal (4)
- PRECES (104)
- Preces André Luiz (14)
- Preces Emmanuel (4)
- Preces Irmão José (7)
- Preces Mediúnicas (5)
- Preces Meimei (1)
- Preces pelos Desencarnados (3)
- Raul de Leoni (1)
- Redação Momento Espírita (121)
- Reflexões de André Luiz (5)
- Reflexões de Emmanuel (1)
- Richard Simonetti (2)
- Roberto Shinyashiki. (2)
- Rodrigues de Abreu (1)
- S.Vicente de Paulo (1)
- Santo Agostinho (3)
- Scheilla (7)
- Selinho Oferecidos (16)
- Selinhos (39)
- Série Nosso Lar (13)
- Sobre o Autor (8)
- Solidariedade (2)
- Versículos e Salmos (26)
- Victor Hugo (2)
- Vida de São Benedito./ Aloisio Teixeira de Souza (1)
- Vídeos Espíritas (4)
- Wanderley Pereira (1)
- www.bemviver.org (1)
Nenhum comentário:
Postar um comentário