Sabemos que a nossa mente, para evoluir, sofre processos de transformação por vezes violentas e rudes, qual acontece à terra necessitada de amanho para produzir.
Nos círculos da Natureza, observamos o arado vergastando o solo e ferindo-o; e se a grande massa rochosa aparece, de improviso, impedindo o esforço do lavrador, notamos que a dinamite comparece, estilhaçando os obstáculos.
Assim também nossa inteligência não se modifica sem a dolorosa visitação da dificuldade.
A lâmina dos problemas inquietantes como que nos tortura, dia a dia, constrangendo-nos à compreensão mais justa da vida, e, se o endurecimento espiritual é a nota de nossas reações, ante a passagem da máquina purificadora do sofrimento, surgem os impactos diretos da aflição sobre a nossa experiência pessoal, desintegrando-nos antigas cristalizações no egoísmo e no orgulho.
Ofereçamos, assim, nosso coração ao Divino Cultivador que é Jesus.
Digne-se o Mestre fazer de nossa existência o que lhe aprouver.
Os golpes sublimes da Vontade Superior, sobre os nossos desejos, serão recursos do máximo proveito para o nosso futuro.
Se a dor nos procura, em forma de incompreensão do meio ou da máscara de tristes desilusões terrestres, abençoemo-la, acentuando a nossa fé viva em Nosso Senhor e continuemos servindo ao próximo, na medida de nossas possibilidades, porque a dor é realmente a Divina Instrutora, capaz de elevar-nos da Terra para o Céu.
(O texto é de o Reformador/Feb, mês de janeiro de 1953).
R E F L E T I N D O...
Seja onde for ou diante de quem for, compadece-te.
Ninguém se aproximaria de ti, no intuito de aumentar a carga dos próprios sofrimentos.
Ouve os que te busquem a presença ou a palavra com bondade e simpatia.
Em qualquer dificuldade, não te prendas ao lado sombrio dos acontecimentos para que não te escravizes ao peso morto das impressões negativas.
Não olvides que teu coração é esperado por bênção viva, na construção da felicidade humana e, empenhando-lhe, agora, a tua migalha de carinho, recolhê-la-ás, amanhã, em forma de alegria eterna no Reino do Eterno Amor.
Aquele homem de duro semblante na administração que não te pode atender as requisições de favor, muitas vezes, chora, às ocultas, ao refletir no filho doente.
Jesus nos dedicou um só mandamento:
- “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.”
E atrevemo-nos a crer que o Divino Mestre nos terá dito nas entrelinhas:
- “Perdoai-vos uns aos outros como eu vos perdoei.”
É verdade que sofres no caminho que a vida te deu a percorrer, entretanto, muitos daqueles que te cercam suportam tribulações muito mais graves que as tuas.
Lembra-te de que o sorriso é o orvalho da caridade e que, por isso, em cada manhã, o dia renascente no Céu é um sorriso de Deus.
Ensina-me, Deus de Misericórdia, que as bases da vida são em verdade, tão importantes que, um dia, Jesus, o teu Enviado ao Mundo se propôs a lavar os pés dos seus próprios discípulos.
Que ouro pagará o benefício da fonte, quando a sede te martiriza? E onde o cofre repleto que te possa valer, no suplício da fome, quando a casa está órfã de pão?
Conta-se que o Apóstolo João, o Evangelista, despendeu dilatados janeiros pesquisando as expressões exatas com as quais pudesse explicar a natureza de Deus, mas, em seguida, a esforço longo e gigantesco, encontrou a procurada definição nestas três palavras:
- “Deus é Amor.”
Não te fixes no que te parece; medita naquilo que provavelmente se encontra por trás das circunstâncias a esmolar-te auxílio e comiseração.
Sorri para a dificuldade e a dificuldade transformar-se-á em socorro de tua vida.
Revisa as iniciativas que já promoveste, com êxito amplo e concluirás que o insucesso não passa de convite à renovação para que recomeces as próprias atividades em linhas mais justas.
Iluminemos o coração, com a lâmpada acesa do amor, cada vez que a nossa palavra se dirija aos irmãos desencarnados, ainda presos à turvação de consciência.
Estende tua alma na dádiva que possas oferecer, guardando a certeza de que amanhã, provavelmente, estarás também suspirando pelo bálsamo do socorro na bênção de um pão ou na luz de uma prece amiga.
Determinado companheiro te trouxe toda uma carrada de inq uietações, afligindo-te os passos...
Memoriza a legião dos amigos devotados que te alegram as horas e compadecer-te-ás daquele que, em vão, procura complicar-te o caminho.
Desgostos em família apareceram, criando-te problemas... Conta com os dias de júbilo e segurança que o lar te concedeu e perceberás que os contratempos de hoje são leves nuvens que a força do tempo desfará.
Só o amor atravessa as paredes compactas do cárcere em que a ignorância se aguilhoa à penúria de espírito, conduzindo aos antros sombrios de nossos débitos a santificante claridade da libertação.
Dispõe-te a compreender, a fim de que possas auxiliar.
Compadece-te de teus pais, de teus filhos, de teus irmãos, de teus amigos e adversários.
Os golpes sublimes da Vontade Superior sobre os nossos desejos serão recursos do máximo proveito para o nosso futuro.
Reforma íntima: duas palavras que enfeixam numerosos apelos à sublimação espiritual.
Onde estiveres, seja onde for, não olvides estender o sorriso, por oferta sublime da própria alma.
Quem se dispõe ao amparo dos espíritos amargurados, em desânimo e desespero, precisará erguer a própria alma à sublimidade do amor mais puro, a fim de socorrer com proveito.
Recorda que as mãos hoje por ti libertadas dos grilhões do infortúnio, podem ser aquelas que, amanhã, chegarão livres e luminosas, em teu auxílio.
Diante de uma árvore simples e amiga, é possível aprender que a evolução se baseia no trabalho e que, nas leis de Deus, para servir e servir é necessário esquecer e esquecer.
Ao pé de cada coração desventurado, Jesus nos espera em silêncio.
Não menosprezes a migalha de amor que te pode marcar o concurso no serviço do bem.
Estende o coração através dos braços e auxilia sempre.
Se a dor nos procura, em forma de incompreensão do meio ou na máscara de tristes desilusões terrestres, abençoemo-la, acentuando a nossa fé viva em Nosso Senhor...
Recorda as bênçãos que possuis, a fim de que não entregues a própria mente a desequilíbrios que não compraste.
HERDEIROS DE DEUS
Diante daqueles que são considerados infelizes, porque a penúria lhes devasta a existência, nunca digas: “esses pobres.”
Não olvides que a presença de Deus vibra recôndita, em cada um de nós.
Na acepção de desvalidos, os infortunados não existem, a não ser nos domínios da adjetivação, quando tenhamos a necessidade de indicar os companheiros que se encaixam na moldura do sofrimento, a benefício deles mesmos.
Provação é sombra temporária.
Um dia, todas as trevas serão dissipadas, todas as prisões serão abertas, todos os andrajos serão varridos para fora do mundo e todos os gemidos cessarão.
Permanecerá o espírito humano, a feição do brilhante laboriosamente lapidado na oficina dos milênios, irradiando de si mesmo o brilho do Universo.
Anota a importância da criatura na Obra da Criação.
Desde a Terra, podes observar a significação de semelhante afirmativa.
A cidade prestigiosa, o campo tratorizado, o ouro arrancado ao solo, o tesouro da cultura, acumulado no curso dos séculos e as máquinas que hoje acompanham a marcha do tempo, sem os homens nada seriam.
Tão-somente em função da criatura humana é que o mundo foi criado e permanece mantido.
Pensa nisso e quando te aproximas de quem chora ou de quem sofre, enternece-te e auxilia para o bem.
Ante os chamados sábios e incultos, os virtuosos e delinqüentes, os felizes e os infelizes, - graduados todos na caminhada evolutiva, - todos nós somos irmãos e herdeiros da Providência de Deus.
“Aos companheiros de caminho, ofertarás algo de teu coração, qual se estivesses espontaneamente no dever de pagar a cada um diminuto pedágio de amor.”
Meimei/Chico Xavier
Do livro, Palavras do Coração
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